segunda-feira, abril 19, 2004

A minha Primeira Tatuagem!

O meu Polvinho... 2h depois do massacre
Aos 32 anos fiz a primeira Tatuagem e está dado o arranque para mais uma "doideira" na minha Vida.
Quem já tem umas quantas fartou-se de me dizer que era um vício. Constato agora, menos de 48 horas depois da primeira, que tem toda a razão. É que já estou a pensar em marcar rapidamente a próxima!
Mas já que é para deixar em registo esta "aventura", então convém escrever a história toda!
Aos 14 anos "bateu-me" esta cena pela primeira vez. Nem sequer era uma altura em que tatuar o corpo fosse moda, como é hoje. Claro que já havia "Kalkitos" mas eu nem fui muito disso quando era miúda. Já não me lembro se era porque não gostava ou se por não me deixarem...
A ideia da tatuagem surgiu por causa do X dos Xutos. O raio do símbolo dizia-me muito. A própria letra X é um símbolo para mim. Representa o centro, a encruzilhada, a partilha... e os Xutos, claro! Tinha descoberto o Cerco há pouco tempo e aqueles Hinos eram tudo para mim!
Mas faltava a coragem. Ouvia relatos de dores incríveis e eu sou uma mariquinhas do pior. Tenho um sangue-frio brutal quando se trata dos outros mas qualquer feridazita para mim é logo uma dor... Depois era o problema do custo, das condições de higiene, da dúvida se justificava marcar o meu corpo para a vida toda, da autorização dos pais...
O tempo foi passando e a ideia solidificava na minha cabeça. Estudei Estúdios de Norte a Sul do País, estudei imagens, juntei dinheiro e voltei a gasta-lo, mas a ideia da dor continuava a travar-me.
Aos 26 anos e alguns mesitos, no dia imediatamente a seguir ao nascimento do meu filho, recebo uma chamada de um dos tatuadores mais famosos da nossa Praça: "Já não tens desculpa" dizia ele. "Oh, 'tá bem, achas que me lembro de me ter doído alguma coisa? Tenho um filho lindo, grande, forte e saudável. Lembro-me lá eu do que sofri"!
Mas continuei com a ideia na cabeça, agora já não em torno do X. Conheço, pelo menos, 3 pessoas que já tatuaram um X dos Xutos, o que não me deixa margem de manobra para ser original e isso, confesso, comigo não funciona. Ou faço uma coisa que só eu tenho ou então perde a piada. Manias da ruxa...
Comecei a desenvolver a ideia de que no meu corpo teria de ter a marca da minha vida e fui desenhando mentalmente uma atmosfera capaz de, num mesmo desenho, representar a minha vivência.
Aos 31 conheci uma Senhora Gaja do Norte cheia de tatuagens (a tal que me disse que era um vício) e decidi que tinha de ser. Agarrei-me a essa convicção com unhas e dentes e conheci o tatuador ideal. Mal entrei no estúdio dele disse-lhe logo "És tu!". Bastou-me olhar para ele e não lhe ver uma única tatuagem no corpo. Não me perguntem porquê, são feelings que se têm. Em 2 meses convivemos bastante já que acompanhei o processo de uma tatuagem de um Amigo meu desde a marcação, ao desenvolvimento do desenho, à elaboração da tatuagem e ao processo de cicatrização. Não me enganei. O Nuno é fantástico, um excelente artista e, imaginem só, até o borrifador da água com que ele vai limpando o sangue é forrado a película aderente! Mais higiene que isto é dificil! Os outros, se calhar, também fazem isto mas este eu vi fazer e isso é importante para quem andou 17 anos a estudar o assunto.
Está dado o primeiro passo para a História da Minha Vida no meu corpo. O meu Polvinho foi o percursor desta Aventura e é, definitivamente, a minha cara. O curioso é que eu não gosto de Polvo e não posso sequer ver o bicho na frente que me arrepio toda de nojo!
Mas este Polvinho tem uma história curiosa. Na altura em que me convenci que "era desta", alguém muito especial para mim e em conversa sobre o tema comentou que queria fazer um Polvo numa perna. Passado uns dias apelidou-me de Polvinha por achar que eu tenho muitos tentáculos, que abraço vários projectos ao mesmo tempo, que me movo como os polvos. A ideia arrepiou-me, como é óbvio, mas deixou-me a pensar e "tens razão, eu sou mesmo assim"! Numa busca pela net de cartoons para o meu Indio dei de caras com o cartoon dum polvito que era "a minha cara". Um ar divertido, meio alucinado, de olhos trocaditos.
E agora cá está ele nas minhas costas!
Claro que doeu. Aquela primeira picada inicial foi alucinante mas doeu-me bem menos do que eu pensava. O pior ainda foram as cócegas. O que eu sofro com cócegas... e logo no sítio onde tatuei o meu bichinho...
A próxima será ou o símbolo do meu signo (Aquário) ou o nome do meu filho. Tenho que estudar com o Nuno o que fará mais sentido dentro da tal atmosfera que eu estudei para as minhas costas!
Aguardam-se as cenas do próximos capítulos.
O Estúdio do Nuno chama-se Hot Flame (creio que não tem site...) e aqui ficam os contactos:
Hot Flame Tattoos
Horário: de 2ª a Dom das 10h às 22h
Qta. do Património Lt 19-C/v, Lj. 13, Galerias Diu, Sacavém
Tel.: 21 940 38 88